segunda-feira, 4 de março de 2013

Morbidez da Raça Humana

Desde sempre a desgraça, o infortúnio e a calamidade alheia foi tema dos artistas. Não existia nos primórdios a comunicação global, pelo que a existência de obras representando catástrofes bíblicas justificavam-se. Hoje em dia nada é justificado dessa forma. Tudo é referenciado, gravado, divulgado para todo o mundo em ...directo. A perpetuação das memórias faz-se em digital o assegura uma longevidade quase infinita. Porquê então a necessidade que muito artistas e eu próprio, sinto de representar o macabro? Talvez porque a morbidez da raça humana é grande. Mas cada vez mais nos tornámos insensíveis, e as desgraças que todos os dias nos entram nas nossas casas pelos meios de comunicação, conseguem 2 minutos da nossa atenção e da nossa compaixão. Embora a violência e as tragédias nos entrem todos os dias pela nossa casa, via meios de comunicação, eu continuo a pensar que os artistas não devem abdicar de representar - mesmo que de uma forma brutal e incómoda - os tristes acontecimentos que envergonham a Humanidade. Em 2004, dias antes do atentado do 11 de Março, eu estive em Madrid precisamente no local (Atocha) onde se deu a tragédia. Fui ver uma exposição de Picasso ao Museu Reina Sofia, que adorei, e passeei por toda aquela zona. Felizmente o dia 11 ainda não tinha chegado. Quando cheguei a Portugal, passados poucos dias, assisti quase em directo, pela TV, àquele triste acontecimeto. Fiquei tão emocionado e desesperado que em 4 dias pintei no único suporte que tinha disponível (uma placa de platex com 125 X 85 cm) o quadro que intitulei 11M - Terror em Madrid. galeriaaberta.net

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